sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Gestão da manutenção : Objetivos e planejamento para uma manutenção eficaz.

  Objetivo da Manutenção

A organização possui um objetivo estratégico e a manutenção deve estar alinhada com ele para acompanhar as metas de produção, delimitadas por seus objetivos específicos.

Para Fabro (2003, p.46), “o objetivo de manutenção em geral, visa à melhoria da disponibilidade operacional, a redução de custos, aumento da segurança, entre outros”. Por isso, entende-se que o objetivo da manutenção é a otimização da disponibilidade dos equipamentos para produção. Outros fatores como custos, segurança, produtividade e qualidade são consequências de uma gestão eficaz, em concordância com os objetivos organizacionais.

1.  Planejamento para uma gestão da manutenção eficaz

 Pode-se dizer que a manutenção envolve custos significativos. Quando a política não é elaborada de maneira adequada, percebe-se de imediato sua falha, portanto, é de fundamental importância para a produtividade que a manutenção seja planejada e executada com maior agilidade e eficácia possível. Trata-se, então, de um problema de gerenciamento, uma questão de planejamento, organização e treinamento técnico.

1.1 Fatores que influenciam na gestão da manutenção eficaz.

A implementação das práticas de manutenção, a adoção de novas técnicas, requerem o comprometimento de todos. É fundamental desenvolver no colaborador a necessidade de crescimento profissional, integrá-lo ao sistema. Funcionários com muitos anos em uma empresa não reagem muito bem a mudanças, para isso tem que haver abertura de sua visão diante de novos desafios. Políticas de treinamento, melhores salários e planos de carreira, além de serviços médicos com qualidade e outros benefícios podem estimular o colaborador a compromete-se com a empresa, exercendo de maneira satisfatória o seu trabalho.

 Há no entanto empresas que não adotam políticas de treinamento e valorização dos funcionários, o moral da equipe fica comprometida, assim como a execução dos serviços.

Os resultados positivos da manutenção são oriundos do envolvimento e engajamento de todos os colaboradores da organização. Conforme Xavier (1999), qualquer medida que implique em mudança rumo à melhoria deve ter ponto de partida na gerência. O autor destaca ainda que, com o envolvimento da gerência e participação de todos, pode haver melhorias significativas e obtenção de lucros com os resultados.

O planejamento deve rever a prática de manutenção utilizada, implantar uma nova cultura, romper com velhos paradigmas, rever o treinamento dos envolvidos, adotar novas práticas, deixando de lado os maus modos que comprometem o ambiente e o clima organizacional, criando novos procedimentos, nova dinâmica ao processo, adotando novas tecnologias, podendo assim atingir os objetivos e metas estabelecidas.

Para Goldratt (2003) o fator que restringe o fluxo de produção para atingimento da meta representa o gargalo, este deve ter toda a atenção com vistas a manter-se sempre ocupado e em condições operacionais. Nesse sentido, Fabro (2003) expõe o planejamento da manutenção orientada em função da criticidade dos processos, visando direcionar os esforços para os equipamentos que representam o gargalo da produção, de maneira a economizar esforços.

1.2 Politicas para uma manutenção eficaz.

As informações necessárias ao planejamento devem ser obtidas nos manuais das máquinas, em relatórios técnicos e na engenharia de manutenção, que podem direcionar para o verdadeiro estado do equipamento. Os procedimentos devem estar atualizados, privilegiando uma manutenção preditiva e detectiva. 

Sobre a engenharia de manutenção, Simione & Nagao apud Fabro (2003, p.27), dizem que “cabe a ela gerir as ferramentas técnicas dos sistemas e processos, equipamentos e pessoal de manutenção”.

Fabro (2003) ressalta ainda que os melhores resultados são alcançados com a combinação dos tipos de manutenção, corretiva, preventiva ou preditiva, com os tipos de processos produtivos, e os tipos de complexidade do equipamento, sendo que as orientações técnicas devem estar a cargo da Engenharia de manutenção, que determinará os procedimentos o tempo de intervenção, o melhor momento de parar, seja na troca de turno, em um intervalo para almoço ou um fim de semana, além dos recursos a serem disponibilizados, a quantidade de técnicos  necessários, estando tudo estabelecido no planejamento de manutenção.

Pode-se agora abordar a ideia de trabalhar manutenção como planejamento específico, utilizando-se de ferramentas que possibilitem o total controle operacional do equipamento, com isso estabelecer a confiabilidade para garantir o domínio do processo, podendo agora determinar: as condições de uso, o tempo de parada, a peça a ser trocada e o custo que ela vai gerar para o sistema. O controle desses entraves irá levar a um patamar mais alto de uma manutenção produtiva total.

1.3 Manutenção como gestão estratégia.
 
A manutenção deve seguir um crescimento, adquirir maturidade administrativa e técnica, saindo dos estágios de inércia, passando de  reativa para  proativa com caráter preventivo, preditivo e detectivo. A manutenção pode ser tratada estrategicamente,  atuando intensamente no planejamento, monitoramento, controle e avaliação dos sistemas.

Para Xavier (1998), a manutenção passa pelos seguintes estágios: manutenção reativa, controladora, inovadora e de classe mundial.

Manutenção Reativa- adotada por organizações que esperam pela falha dos equipamentos para intervir, trata-se da adoção da prática corretiva, não planejada. Nesse tipo de manutenção os equipamentos que ditam a execução dos serviços.

Manutenção Controladora- Nessa fase a prática busca o domínio da situação, controlando, e introduzindo melhorias necessárias.

Manutenção Inovadora- Após obter o controle da manutenção através de análises, pode-se prever o próximo passo a ser tomado, podendo portanto, inovar, com melhorias dos processos e equipamentos.

Manutenção de classe Mundial- Trata-se da manutenção que não se preocupa apenas em manter o patamar atingido de qualidade e operacionalidade dos equipamentos,  mas romper, ultrapassando esse patamar, colocando-se na frente, entre as melhores do mundo, buscando ultrapassar o benchmark.


Figura 1. Evolução da manutenção. Fonte: adaptado de Xavier (1998)
                
 
Para chegar em uma manutenção de classe mundial o gestor deve instituir políticas que gerem resultados.  

A RCM (Realiability Centered Maintenance), Manutenção Baseada na Confiabilidade, é uma metodologia de trabalho que procura otimizar o desempenho do equipamento buscando as respostas (o que, em que condições e em que tempo ocorrem as falhas)  e trabalhar o questionamento propondo ações para gerar maior disponibilidade do equipamento.

A disponibilidade é uma composição de dois atributos: Confiabilidade e Mantenabilidade. Segundo Almeida, Ferreira & Cavalcante (2001, p.36).

 “A confiabilidade é definida como a probabilidade de que um equipamento não deixa de operar em um dado intervalo de tempo t.” e “Mantenabilidade M(t) é definida como a probabilidade de que um dispositivo que tenha falhado, será restaurado para operação efetiva, dentro de um dado período de tempo e, quando a ação de manutenção é executada de acordo com procedimentos prescritos”.

 Com os índices de confiabilidade pode-se estimar a probabilidade de erro, quando pode ocorrer à falha do equipamento ou componente isolado e, com isso, monitorar e determinar o melhor tempo de atuar. O tratamento científico do índice de confiabilidade pode gerar um estudo e melhoria dos sistemas, dando maior racionalidade na aplicação de recursos.

O novo enfoque de manutenção a coloca como uma função estratégica dentro das organizações. Deve-se ter a manutenção traçada de maneira a atender eficazmente o sistema de produção. Xavier (1998), questiona: O que a Manutenção pode oferecer para que a minha empresa consiga atender o mercado de forma mais competitiva? De imediato, para ele, as respostas vêm à cabeça: Disponibilidade, Confiabilidade, Custos, Qualidade, Tempo de Entrega, Segurança e Moral.

Essas respostas são indicadores que orientam para maximização do sistema, pode-se fazer uma analogia com a palavra Total, utilizada na metodologia TPM (Manutenção Produtiva Total), referindo-se a rentabilidade, a prevenção total e a participação geral.

Uma das metas da TPM é aumentar a eficiência do equipamento, alcançada através de atividade quantitativa, aumentando a disponibilidade e melhorando a produtividade, e qualitativas, através da redução do número de defeitos, FABRO (2003).

Manutenção Produtiva Total 
Ferramentas para Gestão da Manutenção